Gás natural visto como promessa de electricidade a baixo custo
Estudo da
McKinsey & Co. afirma que tal fonte pode gerar até 40% da
electricidade na África Austral até 2020
Por: Aurélio Sambo
O preço da
energia elétrica em Moçambique pode baixar num futuro próximo
devido às pontencialidades do gás natural na região, afirma estudo
publicado pela firma de consultoria McKinsey & Company. A firma
prevê que até 40% da electricidade da África Subasaariana pode ser
gerada pelo gás natural até 2020, num total de 700 terawatts/hora.
A Electricidade de Moçambique (EDM), por sua vez, afirma que estuda
projectos nesse sentido. Enquanto isso, alguns moçambicanos reclamam
do preço do serviço.
O estudo da
McKinsey projecta que o consumo na Africa Subsaaariana pode ser de
aproximadamente 1.600 terawatts/hora até 2040, quatro vezes mais que
em 2010. Contudo, calcula-se que para suprir essa demanda será
necessário um investimento de cerca de 490 biliões de dólares
americanos. Sendo assim, a energia gerada pelo gás natural na África
Subsaariana responderia por 44% da capacidade, seguido por carvão a
23%, hidrelétrica a 16% e, por último, a solar com 8%.
Ao apostar na
geração a gás, menos centralizada, Mocambique estaria livre de
situações como a que o país viveu durante as últimas cheias,
quando uma parte da região centro e toda zona norte ficaram 27 dias
sem energia eléctrica devido ao desabamento das torres de
transmissão de alta tensão ao longo da estrada nacional N1. A nova
legislação do gás e do petróleo também garante que 25% da
produção de gás no país deve ser direcionada ao mercado
doméstico, o que ajudaria a alimentar as potenciais termelétricas a
gás.
Segundo o
porta-voz da EDM, Alberto Banze, com os prejuízos após as cheias
de 2015, a empresa está a estudar mecanismos de o país não voltar
à situação de apagão de quase um mês. Desta forma, afirma Banze,
a empresa está desdobrar seus esforcos para mitigar problemas do
gênero futuramente. Como forma preventiva, estão em curso estudos
de projectos para descentralização da geração de energia, através
de sistemas alternativos como a geração a gás e outros.
Algumas
iniciativas já estão em curso. Em Dezembro de 2014, EDM e a Empresa
Nacional de Hidrocarbonetos de Moçambique (ENH) assinaram contrato
de fornecimento de gás natural para geração de energia no sul de
Moçambique, através da Central Térmica de Ressano Garcia (CTRG),
numa quantidade de dois milhões de gigajoules de gás no período de
2015 a 2017.
De referir que a
ENH e a EDM, ambas empresas públicas, são parceiras há vários
anos. Com efeito, a EDM é a maior consumidora, em termos de volume
de gás, do projecto da Rede de Distribuição de Gás no Norte de
Inhambane, operado pela ENH.
Preço é
motivo de críticas
Moçambicanos
entrevistados pela reportagem divergem sobre a qualidade do serviço
da EDM, mas concordam nas críticas ao custo.
Carlos Taimo, um
letreiro de 45 anos que reside no bairro de Mafalala, é cliente da
EDM há 10 anos e considera que os servicos prestados pela empresa
são de boa qualidade. Ele elogia a facilidade de poder comprar e
pagar os serviços via telefone.
Mas Taimo vê um
grande problema: o custo nos últimos anos aumentou drasticamente. Na
sua residência de tipo três chega a pagar 1.500 meticais por mês.
“Não se justifica que a gente tem que pagar caro a nossa energia
enquanto os sul-africanos pagam menos consumindo a nossa energia. O
Governo tem que ver bem isso”, disse ele. O excedente de
electricidade de Moçambique é exportado para a África do Sul.
Graça Manuel, de
35 anos e servente de mesa em um restaurante na cidade de Maputo, se
diz indignada com os servicos prestado pela EDM no município da
Matola, onde reside no bairro Singatela. Apesar dos cortes frequentes
que duram de cinco horas a dois dias consecutivos, ela paga
mensalmente entre 600 a 650 meticais.
Dulce Suzana, de
34 anos e residente do bairro São Damanso, também reclamou do preço
da electricidade e os cortes. Ela paga entre 300 e 350 meticais por
mês numa casa tipo 1, onde usa a electricidade apenas para
iluminação.
No momento a
maior parte da electricidade de Moçambique é gerada por usinas
hidroelétricas, mas o país também têm usinas a carvão (Moatize)
e a gás (Temane, operada pela Sasol, e Ressano Garcia, operada pela
CTG). A EDM informa que a capacidade de geração do país é de
cerca de 2.200 megawatts (MW), enquanto a demanda, que cresce 15% ao
ano, está na faixa de 1.600MW. Essa conta inclui a Mozal, cuja
produção de alumínio demanda quantidades significativas de
energia.
Em 2002, apenas
55 distritos dos 128 eram electrificados com a energia da
hidroelétrica Cahora Bassa. Em 2012, de acordo com os dados mais
recentes disponíveis, o total já tinha aumentado para 110, mas a
EDM calculava que apenas 18% dos moçambicanos tinham acesso à
electricidade.
Um exemplo das
limitações na rede é que parte da electricidade gerada no país
precisa ir à África do Sul para depois voltar à região do Maputo,
já que ainda não há ligação entre as redes do sul e do norte do
país.
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