Wednesday, May 20, 2015

GAS NATURAL VISTO COMO PROMESSA DE ELECTRICIDADE A BAIXO CUSTO

Gás natural visto como promessa de electricidade a baixo custo

Estudo da McKinsey & Co. afirma que tal fonte pode gerar até 40% da electricidade na África Austral até 2020
Por: Aurélio Sambo
O preço da energia elétrica em Moçambique pode baixar num futuro próximo devido às pontencialidades do gás natural na região, afirma estudo publicado pela firma de consultoria McKinsey & Company. A firma prevê que até 40% da electricidade da África Subasaariana pode ser gerada pelo gás natural até 2020, num total de 700 terawatts/hora. A Electricidade de Moçambique (EDM), por sua vez, afirma que estuda projectos nesse sentido. Enquanto isso, alguns moçambicanos reclamam do preço do serviço.
O estudo da McKinsey projecta que o consumo na Africa Subsaaariana pode ser de aproximadamente 1.600 terawatts/hora até 2040, quatro vezes mais que em 2010. Contudo, calcula-se que para suprir essa demanda será necessário um investimento de cerca de 490 biliões de dólares americanos. Sendo assim, a energia gerada pelo gás natural na África Subsaariana responderia por 44% da capacidade, seguido por carvão a 23%, hidrelétrica a 16% e, por último, a solar com 8%.
Ao apostar na geração a gás, menos centralizada, Mocambique estaria livre de situações como a que o país viveu durante as últimas cheias, quando uma parte da região centro e toda zona norte ficaram 27 dias sem energia eléctrica devido ao desabamento das torres de transmissão de alta tensão ao longo da estrada nacional N1. A nova legislação do gás e do petróleo também garante que 25% da produção de gás no país deve ser direcionada ao mercado doméstico, o que ajudaria a alimentar as potenciais termelétricas a gás.
Segundo o porta-voz da EDM, Alberto Banze, com os prejuízos após as cheias de 2015, a empresa está a estudar mecanismos de o país não voltar à situação de apagão de quase um mês. Desta forma, afirma Banze, a empresa está desdobrar seus esforcos para mitigar problemas do gênero futuramente. Como forma preventiva, estão em curso estudos de projectos para descentralização da geração de energia, através de sistemas alternativos como a geração a gás e outros.
Algumas iniciativas já estão em curso. Em Dezembro de 2014, EDM e a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos de Moçambique (ENH) assinaram contrato de fornecimento de gás natural para geração de energia no sul de Moçambique, através da Central Térmica de Ressano Garcia (CTRG), numa quantidade de dois milhões de gigajoules de gás no período de 2015 a 2017.
De referir que a ENH e a EDM, ambas empresas públicas, são parceiras há vários anos. Com efeito, a EDM é a maior consumidora, em termos de volume de gás, do projecto da Rede de Distribuição de Gás no Norte de Inhambane, operado pela ENH.
Preço é motivo de críticas
Moçambicanos entrevistados pela reportagem divergem sobre a qualidade do serviço da EDM, mas concordam nas críticas ao custo.
Carlos Taimo, um letreiro de 45 anos que reside no bairro de Mafalala, é cliente da EDM há 10 anos e considera que os servicos prestados pela empresa são de boa qualidade. Ele elogia a facilidade de poder comprar e pagar os serviços via telefone.
Mas Taimo vê um grande problema: o custo nos últimos anos aumentou drasticamente. Na sua residência de tipo três chega a pagar 1.500 meticais por mês. “Não se justifica que a gente tem que pagar caro a nossa energia enquanto os sul-africanos pagam menos consumindo a nossa energia. O Governo tem que ver bem isso”, disse ele. O excedente de electricidade de Moçambique é exportado para a África do Sul.
Graça Manuel, de 35 anos e servente de mesa em um restaurante na cidade de Maputo, se diz indignada com os servicos prestado pela EDM no município da Matola, onde reside no bairro Singatela. Apesar dos cortes frequentes que duram de cinco horas a dois dias consecutivos, ela paga mensalmente entre 600 a 650 meticais.
Dulce Suzana, de 34 anos e residente do bairro São Damanso, também reclamou do preço da electricidade e os cortes. Ela paga entre 300 e 350 meticais por mês numa casa tipo 1, onde usa a electricidade apenas para iluminação.
No momento a maior parte da electricidade de Moçambique é gerada por usinas hidroelétricas, mas o país também têm usinas a carvão (Moatize) e a gás (Temane, operada pela Sasol, e Ressano Garcia, operada pela CTG). A EDM informa que a capacidade de geração do país é de cerca de 2.200 megawatts (MW), enquanto a demanda, que cresce 15% ao ano, está na faixa de 1.600MW. Essa conta inclui a Mozal, cuja produção de alumínio demanda quantidades significativas de energia.
Em 2002, apenas 55 distritos dos 128 eram electrificados com a energia da hidroelétrica Cahora Bassa. Em 2012, de acordo com os dados mais recentes disponíveis, o total já tinha aumentado para 110, mas a EDM calculava que apenas 18% dos moçambicanos tinham acesso à electricidade.

Um exemplo das limitações na rede é que parte da electricidade gerada no país precisa ir à África do Sul para depois voltar à região do Maputo, já que ainda não há ligação entre as redes do sul e do norte do país.